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memorial às vítimas da boate kiss

em parceria com arquipélago arquitetos e flavio bragaia.

proposta realizada para concurso de memorial às vítimas da boate kiss, em 2016.

o projeto busca atributos espaciais distantes daquele que marcavam a boate, busca espaços abertos e iluminados. a escolha de materiais simples e transparentes como o vidro, que configura superfícies, ao mesmo tempo, contínuas e fragmentadas como as lembranças, as cores claras conferidas às alvenarias e às estruturas sem nenhum outro revestimento além da pintura e a presença de água e de vegetação constroem um convite à reflexão e ao execício de memorar os entes queridos.

tendo em vista o desnível natural do terreno, o programa foi organizado em dois níveis. na cota mais baixa, propomos o auditório com 150 lugares, de acesso facilitado, com espaços acessórios articulados e conformando um confortável foyer. na cota mais alta, uma praça configurada pelos outros elementos do programa. O auditório e a praça têm acessos independentes, porém estão interligados por um núcleo de circulação.

o salão multiuso, as salas da administração, depósito, zeladoria e sanitários foram dispostos de forma a conformar uma praça de caráter público, que esteja numa relação franca com a cidade sem deixar de ser um espaço resguardado de paz. esses elementos do programa estão sob uma marquise que acolhe os visitantes e articula os espaços. as superfícies cristalinas que dividem os espaços fechados e abertos vão na direção da construção de uma narrativa simbólica, não linear e abstrata que reflete as trajetórias individuais e coletiva.

 o espaço aberto da praça é marcado por 242 cristais embutidos no piso que refletem o céu durante o dia e, durante a noite, emitem luz e marcam com leveza a noite de santa maria. os cristais e as dez árvores que configuram o espaço estão em constante conversa com céu e com a terra, falam sobre o sonho, sobre a esperança e sobre a memória, também atentam para a necessidade de colocar os pés no chão. a praça é um espaço de contato, de ligação, e de convite ao salão memorial, protagonista do conjunto. 

o salão é um volume cúbico de 8,5m de aresta, conformado por paredes em blocos de vidro translúcidos. internamente, a estrutura em chapas de aço conforma uma malha simbólica que é suporte para o peso da memória e para a celebração da vida. serão blocos em pedra ocupando os interstícios da estrutura de forma a, durante o dia, deixar entrar a luz natural e, à noite, permitir que o salão seja um marco de luz. esses blocos receberão plantas e o ambiente interno do salão será marcado por uma bruma, que irriga a vegetação e, junto com ela, dá ao ambiente um clima clamo, de temperatura amena. até baixa altura, serão gravados individualmente os nomes das 242 vítimas, cada nome em um bloco, de forma a contemplar a dimensão individual e a dimensão coletiva de uma tragédia transformada em luta.

local
santa maria-rs
área
865m² 
equipe
flavio bragaia, guilherme pianca, luís tavares e marinho velloso